Joãosinho: entre o luxo e a
pobreza até o fim da vida
Talita
Corrêa

"O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual", afirmava o
carnavalesco Joãosinho Trinta, para justificar o glamour que levou à Avenida em
38 anos de carnaval carioca. Essa gangorra entre riqueza e dificuldades
financeiras marcou a vida do maior de todos os carnavalescos até sua morte,
ontem de manhã, aos 78 anos, em São Luís, no Maranhão, de insuficiência
respiratória.
Colocar na Sapucaí um Cristo Redentor caracterizado como mendigo e, em outro
ano, um homem voando com foguete portátil, o fez virar uma referência na arte de
conquistar o povo com sofisticação e ousadia. Mas, para os amigos e
personalidades das principais agremiações cariocas, Joãosinho foi um homem
contraditório, que fazia seu trabalho reluzir aos olhos do público, mas não
desfrutava desse ouro, como poderia ter feito. E ele sabia disso: "Sou na vida
um mendigo, na folia eu sou rei", costumava dizer.
— O carnaval espetáculo, como conhecemos hoje, surgiu com ele nos anos 60,
mas ele não teve um final feliz, vivendo de favor no Maranhão — lamentou Laíla,
um dos diretores da Beija-Flor.
Arley Mark, que foi criado por Joãozinho e cuidou dele até sua morte, nega
que o carnavalesco estivesse em má situação financeira.
— Ele foi morar no Maranhão há um ano, porque queria terminar sua carreira na
terra natal. Estava trabalhando. Foi contratado pelo governo maranhense para
organizar a comemoração dos 400 anos de São Luís, em abril de 2012. Além disso,
ele tinha suas economias, vivia comigo em um flat próprio, tinha carro e foi
tratado em hospital particular com tudo a que tinha direito — garantiu.
Joãozinha tinha registrado em seu nome, no entanto, uma dívida de quase R$ 80
mil com a União.
Ary Rodrigues, presidente do conselho deliberativo da Beija-Flor — que
homenageará o carvalesco em 2012 — diz que as complicações financeiras e seu
exílio no Maranhão tinham o mesmo motivo:
— O abandono dos suspostos amigos. Ele não era uma pessoa fácil. No fim da
vida, ele ficou afastado de todos.
A carnavalesca Rosa Magalhães, com quem Joãosinho começou sua história no
carnaval, confirma a versão:
— Ele não pensava no futuro, tinha cabeça de artista.
Mais sereno e dócil
A personalidade e trajetória polêmicas de Joãosinho foram mais além: em 1992,
seu último ano na Beija-Flor, foi afastado da direção do projeto que criou, o
"Flor do Amanhã", apoiando meninos de rua. Ao ser acusado de corromper menores e
abrigar homossexuais e crianças em condições precárias no galpão da entidade,
ele se afastou da folia.
A volta por cima veio com a conquista do primeiro título da Viradouro, em 97.
Um ano antes, Joãosinho sofrera uma isquemia que, segundo ele, além de deixar o
braço direito paralisado e dificuldades na fala, mudou sua visão de mundo.
— Ele estava mais sereno e dócil nesta última etapa da vida. Sei que era um
homem difícil, mas que me amava demais. No meu aniversário de 1997 ele me deu de
presente um show do Milton Nascimento no Canecão, no camarote. Lembro de ter
dito a ele: "você nasceu para ser rico culturalmente, mas nunca saberá ser rico
na vida". Ele me disse que ia pensar sobre aquilo. Ele me ouvia, me queria bem,
mesmo sendo alguém conhecido pelas intolerâncias. Seguiu a vida entre altos e
baixos — conta a porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso,
que viajou ontem à noite para São Luís.
Joãosinho será enterrado, vestido com o terno branco que usava nos desfiles.
O corpo já está sendo velado no Museu Histórico e Artístico do Maranhão e à
noite seguirá em cortejo até o Teatro Artur Azevedo. O enterro será amanhã no
Cemitério do Gavião, bairro da Madre Deus, famoso reduto do carnaval
maranhense.Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/joaosinho-entre-luxo-a-pobreza-ate-fim-da-vida-3472129.html#ixzz1guVTu0ps
Essa matéria acima publicada acima pelo jornal extra de 18/12/2011, fala sobre a morte de um dos gênios do carnaval brasileiro,apesar de cristão evangélico venho aqui falar do fim de vida de alguém que marcou sua época através de grandes desfiles que repercutiram mundo a fora o seu grande talento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário